Alice no país da tia chorona



Costumo dizer que minha família é sentimental. Mentira. Digo que ela é chorona. Se estamos felizes choramos, se estamos tristes choramos, nervosos? Choramos também. Datas comemorativas, formaturas, conquistas, decepções: as lágrimas representam nosso sentimento fora do peito.
Que meu irmão e cunhada estão grávidos não é segredo. A Alice está a caminho de nariz empinado e tudo (você já vai entender). A minha surpresa foi no chá relevação do sexo do bebê, onde leram para nós um texto que falava da chorona-sogra-do-Dudu. Pronto! “Imagine o berreiro que vai nascer essa criança?!”, pensei.

Ontem recebi por WhatsApp uma foto da ultra-sonografia morfológica da Alice: a boneca estava de narizinho empinado, mostrando sua imponência desde a barriga da mamãe. Adivinhe? Uma foto no aplicativo foi o suficiente para eu encher os olhos d’água e ficar boba. Até aí tudo bem, foi a primeira “foto” que recebi dela.

Hoje foi meu dia de assistir a gravação da mesma ultrasom e eu só conseguia lembrar do Eduardo rindo e dizendo que a nossa mãe, ao assistir, não parava de chorar um minuto com o vídeo. Sentei no sofá. Luz apagada. Play no vídeo. Perninhas da Alice agitadas, ok. Braços como se ela estivesse em uma festa na barriga da mamãe, ok. Coração batendo super rápido, ok. Aguentei o choro até aí. UFA! Vitória da Ingrid. AÍ MEU AMIGO... AÍ o Eduardo diz “a melhor parte é agora, que a gente escuta o coraçãozinho dela e depois vê o rostinho”. MANO DO CÉU! MA-NO-DO-CÉU! Eu respirei fundo, fingi estar planíssima enquanto me dava uma tremedeira por dentro. Comecei a contar até 10. Respirei fundo de novo, e acho que foi tão fundo que quebrei a barreira de lágrimas que existia em todo meu ser.

Gente, eu não sei como vai ser quando eu tiver filhos mas, a Alice... a Alice é perfeita! É linda! É uma dádiva de Deus! É a provação de que o amor é bondoso, é generoso, é maravilhoso! A Alice, um serzinho que só ouviu minha voz algumas vezes, que nunca me tocou, ou se quer entende a sua própria existência, fez o som mais curiosamente lindo que eu já ouvi! E fez a titia aqui ter um sentimento nunca descoberto nesses 24 anos. Um amor completamente singular e infinito.

Quando o vídeo acabou eu levantei firme e forte, consegui me fazer de durona por longos 7 segundos, pedi um abraço ao meu irmão e chorei feito uma criança no seu primeiro dia de creche. Escrevendo essa crônica lembrei da música Espatódea, do Nando Reis, que diz “Não sei o quanto o mundo é bom Mas ele está melhor desde que você chegou E explicou O mundo pra mim...”.

Não sei quanto o mundo é bão, mas minhas lágrimas de felicidade ganharam um novo significado no dia de hoje: Alice.