#tbt fora das redes


       Estava eu assistindo um daqueles documentários sobre a teoria da Terra Plana quando recebo no Whatsapp um pedido de uma amiga que, eu ainda nem consegui responder, foi muito inusitado: para que eu escrevesse um desses meus "textos maravilhosos de amor" para a pessoa amada dela. Por um milésimo de segundo pensei "nossa, moleza". Passado o milésimo, deu pane no sistema: como é que eu vou conseguir escrever um texto para alguém que não é o meu amor?! Lembro que a única vez que quis fazer isso fiquei uma semana na tentativa construir um texto, que, no fim das contas, ficou incrivelmente ruim.
      Curioso né... Eu, a moça que adorava as aulas de português, que desde o ensino fundamental se destacava pelas poesias e crônicas (mesmo sem saber que o nome era este), que há 9 anos tem um blog para escrever sobre sentimentos, que para até pra ler aqueles anúncios de shopping de dia dos namorados, só pelo encanto de um suspiro de "Ahhh, o amor é isso mesmo", receber um pedido assim tão "simples" que é falar de amor - coisa que eu não fico um dia sem falar, olhar, demonstrar, escrever - e não conseguir atender a esse pedido.
       Me perguntei, afinal das contas, o que tem de tão errado em escrever um texto sobre amor em nome de alguém? No texto em si, nada! Mas na pessoa... quando a gente escreve sobre alguém ou sobre o sentimento por ela, o coração está mole. Fica igual mulher recebendo flores no dia dos namorados. Cada frase representa uma lembrança sua por essa pessoa. Cada novo parágrafo é uma infinita possibilidade de relembrar um momento vivido por vocês. É a chance de um #TBT sem post nas redes, só você e o seu coração. Quando escrevemos para alguém é como se ela se materializasse na nossa frente por alguns instantes, conseguimos até sentir o cheiro dela. 
       Concluí que não vale a pena tentar, não seria justo fazer com que essa amiga perca esta oportunidade maravilhosa de sentir o amor nas palavras. Além do mais, não consigo nem pensar em escrever sobre amor se não pensando nele. O coração só me permite falar, relembrar e escrever sobre aquilo que penso, que vivo, que amo.