Palavras também demonstram amor


       Eu levei 4 anos desde os primeiros sintomas e crises até o diagnóstico (por um psiquiatra) da depressão. Eu trabalho. Estudo. Leio notícias. Vou em festas. Gosto de uma cerveja gelada. Amo um churrasco com a família. Vou à praia. Faço atividade física. Namoro. Dou risada. E ainda assim, estou em tratamento para depressão. Entende? 
       Pessoas com um distúrbio psicológico VIVEM! Claro, tem dias que ir ao trabalho, pra mim, é uma mega vitória! Eu tenho crises de ansiedade, de pânico, de choro, às vezes quero abraçar o mundo com as minhas mãos, às vezes, com as mesmas mãos, quero cavar um buraco e só sair de lá quando o planeta B 612 estiver habitado por seres humanos. Há dias em que eu ignoro completamente todas as pessoas do meu WhatsApp, e n’outros eu paro até para falar com as flores da rua.
Eu estou postando a foto deste livro aí porque primeiro: eu sou apaixonada pela Martha Medeiros. Segundo: toda essa turbulência na minha saúde mental fez eu me desvencilhar de coisas que eu adorava fazer, como, por exemplo, ler um livro. E, por mais que possa parecer bobo, esse livro aí, que eu me dei de presente ontem, foi um micro-passo MUITO importante para eu me reconectar com coisas que me fazem bem. Terceiro: eu queria deixar o recado para você prestar mais atenção nas pessoas que estão ao seu redor. 
       Há um tempo atrás eu fiz um post sobre depressão e fiquei surpresa com a quantidade de pessoas que responderam com mensagens de “eu também passo por isso”, “eu te entendo bem”, “eu acho que estou passando por isso”, e por aí vai... É difícil acreditar que as pessoas vão te entender porque quando você abre a boca pra dizer “eu não tenho me sentido bem”, ao invés de escutar, a maioria delas responde “sério? Nossa eu também...” e o foco do assunto muda completamente de você para ela. Ou, todos resolvem virar médicos e achar rapidinho o seu problema e a solução: Isso é só estresse, logo passa! Eu acho que você deveria trabalhar menos, Problema? Que problema? Você tem trabalho, casa, comida, não tem porque ter problema. Ou ainda: isso é falta de trabalho...
       Ouça mais. Julgue menos. Procure ler sobre o assunto, aliás, o YouTube está aí pra isso também! E não importa se a pessoa tem 10, 20, 40 ou 70 anos, ela pode estar precisando de ajuda de um profissional por formação, mas verbalizar “eu preciso de ajuda médica” pode ser MUITO difícil. 
Palavras também demonstram amor, exercite a escuta e diga “Mas então, o que eu posso fazer hoje pra te ajudar a passar por isso?”.

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